Hoje a Amy Winehouse morreu. E eu realmente gostava
da Amy. Da voz, do estilo, da música, por mais que ela esquecesse a letra de alguma música nos shows
e mandasse os fãs pra puta que pariu. Por mais que ela mostrasse os peitos na
janela do hotel. Por mais maluca que ela era não dá pra negar o talento que ela
tinha. É uma pena que as drogas tenham sido mais fortes que a Amy.
É uma pena
que a gente só pare e pense que existe cocaína, crack, heroína, maconha e
outras tantas merdas que destroem corpo e alma quando algum famoso morre. Todo santo
dia morre um João, um Marcos, um Rafael, um Zé. E ninguém liga, ninguém anuncia
no Estadão. E eles também eram importantes, sim. Tinham pai, mãe, irmão,
sobrinho, filho. Tinham alguém que sofria o sofrimento deles. Mas nada disso
vira notícia.
Até quando o ser humano vai precisar de bengalas e
paliativos?
Até quando a gente vai ter que afogar uma mágoa
numa garrafa de Caninha 51 (uma boa ideia)?
Até quando as noitadas terão drogas para animar?
Até quando as noitadas terão drogas para animar?
Até quando o dia seguinte terá alguma droguinha
para ser suportável?
Até quando a gente vai tentar se livrar de algumas
dores procurando outras?
Até quando a gente vai se enganar e achar que essas
merdas resolvem de fato alguma coisa?
Lágrimas vão e vem, feito onda. Mães acorrentam
filhos para que eles não saiam em busca do crack. Adolescentes roubam pai, mãe,
transeuntes. Até quando? O que falta? Educação? Conhecimento? Disciplina?
Clareza? Força? Eu já experimentei drogas, pura curiosidade. Nunca fui viciada,
nunca quis isso para a minha vida. Queria ver o que era. Vi. E não foi bonito.
Vi amigos se ferrando, vi gente boa virando ruim. É um caminho difícil,
apavorante. E a família se envolve, se une, se doa, sofre.
A gente não pode depositar as frustrações num
baseado, numa carreira, num copo de uísque. A gente não pode colocar a culpa da falta de grana,
falta de amor, falta de qualquer coisa no crack. A gente não pode achar que fumar um é diversão,
relax. Não. É errado. Hoje em dia mais e mais crianças e adolescentes
fumam cigarro, maconha, bebem nas festas e voltam trocando as pernas para casa.
Os pais não enxergam ou se enxergam acham que é normal. Todo mundo tem um amigo
drogado ou chegado na birita. Todo dia vejo mendigos caindo de bêbados.
Está mais do que na hora da gente parar e pensar no
que está acontecendo no mundo.
Por Clarissa Corrêa
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