Alô? Alguém viu algum
humano por aí? Daqueles com nervos, defeitos e que fazem xixi no mato?
Não sei se é um fenômeno localizado ou
se o vírus da exigência se espalhou descontroladamente. Algo me diz que estamos
vivendo o auge de uma febre yuppie intelectual passiva. As pessoas não tomam
mais vinho de garrafão; espumante? Nem pensar, ou é prosseco ou melhor água
mesmo – não da torneira, claro. Até a
velha e boa pinguinha tem que ter grife ou pedigree.
A exigência é tanta que se espalha até
pelos sanitários: ui, acabei de ofender os toaletes. Banheiros, então... datou.
Se não for lustroso, perfumado e com sabonete líquido, não serve. Parece que
foi outro dia que as pessoas agachavam ali no matinho e pronto! Mas agora não!
O carro tem que ter ar-condicionado, o aplicativo tem que ser baixado em sua
última versão, as mulheres têm que ser esculpidas e barriga chega a ser ofensa.
A exigência é progressiva e viciante.
Nada está bom, nunca. Antes fossem apenas os chefes os seres picados por esse
mosquitinho, mas hoje tem marido, amigo, vizinho e até estagiário fazendo cara
de nojinho pra você. Foto com celular e não é Hipstamatic? Hello? A fila anda! Às
vezes parecemos um bando de gente torcendo o nariz para a coxinha no almoço sem
nos darmos conta de que estamos na rodoviária! Todo mundo é fino, limpo,
equilibrado e aspirante a conde.
Depois as pessoas não sabem por que
brigam no trânsito. Por algum lugar tem que sair a humanidade que há em nós.
Ainda bem que na intimidade todo mundo sente o cheiro do seu próprio peido.
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